Perdão

Blogagem Coletiva - Tema Perdão
Proposta da escritora Glorinha L. de Lion

Oi gente, tudo bem? Faz um tempinho que não escrevo aqui né. Bom, hoje eu quero participar de uma blogagem coletiva sobre os sentimentos. O tema é o perdão. Infelizmente, ontem (ou hoje pra quem está no Brasil) foi o último dia dessa blogagem coletiva. Eu não participei dos outros temas, porém, acompanhei essa proposta da Glorinha desde o começo, ou seja, li sobre todos os temas que ela propôs nesses dois meses, se não me engano. O motivo pelo qual quis participar desse tema específico, é que eu já fui uma pessoa muito rancorosa, não sabia perdoar nem pedir perdão. Quando criança, eu era revoltada. Na adolescência, fui pior ainda. Hoje em dia sou uma adulta desbocada rs Explico o porquê da revolta. Eu cresci sem pai, nunca conheci, não tinha nem foto dele. Era difícil me olhar no espelho, e buscar por traços que não eram parecidos com o da minha mãe e assim, tentar formar uma imagem paterna. Não entendia o porquê da ausência, o porquê do abandono. Quando imaginava uma cena do meu encontro com meu pai, era sempre doloroso, eu não o perdoava. Sinceramente, hoje em dia também não sei se o perdôo. E assim eu cresci. Quando tinha 10 anos, minha mãe conheceu outro homem. Era tio da minha melhor amiga, sujeito engraçado, legal, me fazia rir. Mas quando descobri por outra sobrinha dele, que estava namorando minha mãe, tudo mudou. Não quis acreditar, nem aceitar. Virei a cara, fiquei contra, fui ver se era verdade com minha mãe. Ela confirmou, porém, não sentou comigo e teve uma conversa "esclarecedora". Acho que isso foi o pior erro e o ponto de partida pra minha negação constante. Poxa, eu era uma criança, precisava de uma explicação. Eles se casaram, tiveram um filho, e eu nada de aceitar a situação. O inferno tinha começado. Afinal de contas, quem era ele pra mandar em mim? Com que direito entrava na minha vida? Na relação entre mãe e filha? Por 10 anos tinha sido só eu e minha mãe. Com que direito? Direito que minha mãe dava, e isso só aumentava meu rancor, que aos poucos foi se transformando em ódio. Um ódio descabido, um ódio sem motivos ou com vários motivos, só depende do ponto de vista de cada um. Um ódio que desestruturou a família. Eu era a erva daninha. E tudo por conta da minha falta de capacidade de perdoar e pedir perdão. Eu não perdoava aquele homem, porque na minha cabeça ele era o motivo de tanta discórdia. Era ele o intruso. Nós dois cometíamos injustiças um com o outro, porém nenhum dos dois sabia pedir perdão. Vários anos morando sob o mesmo teto, sem um olhar pra cara do outro, que dirá, trocar uma palavra. Até que do nada, eu percebi que, todo aquele sentimento negativo, não só fazia mal à mim mesma, como fazia muito mal à minha mãe, pessoa mais importante na minha vida. Então a guerra acabou, mas só por fora, porque a guerra continuou dentro de mim. Peguei todo o sentimento negativo que fazia questão de destilar ao meu redor e guardei dentro de mim. Todos se espantaram. De onde veio a calmaria? Eu já não provocava nem aceitava mais a provocação. Por fora, era completamente sem reação, mas por dentro, ah por dentro meu sangue fervia, o veneno corria. Entrei em depressão. Foram longos quatro anos de batalhas dentro de mim. Morando no fundo do poço. E mais alguns anos subindo e deslizando novamente nesse poço. Nesse caminho, encontrei a resignação, e na resignação encontrei o perdão. Finalmente pude perdoar, finalmente pude viver bem comigo mesma e aprendi a pedir perdão. Mas ainda fica a dúvida, será que realmente perdoei? Vai ver a ferida foi muito funda, e a marca muito visível. Eu perdoei mas não esqueci. Isso é possível? Se for, então eu realmente perdoei. Hoje em dia, eu penso que foi bom ter passado por isso, foi o que me moldou, fez o que sou hoje. E o que eu sou hoje? Ah... hoje eu tento não julgar ninguém, tento não complicar a vida, gosto de simplificar as coisas, ver a vida de uma forma positiva. Hoje sou mais otimista e é muito bom ver a vida com esses olhos. Hoje tento não guardar rancor, nem odiar. O mundo não precisa disso, muito menos meu coração precisa disso. A vida é muito curta. Hoje eu sou fácil (no bom sentido). Tento não dar motivos, não errar pra pedir perdão depois. Também não preciso perdoar porque sou muito, mas muito mesmo, difícil de aceitar provocações. Críticas pra mim, mesmo quando não peço por elas, são bem-vindas. Só se fizerem algo de muito grave, que vem o desafio. Posso até perdoar, mas jamais vou esquecer. Falando em não dar motivos pra ter que pedir perdão, leiam o post feito pelo querido Alexandre aqui. Eu assino embaixo. Desculpa pelo post enorme, e pra quem leu até aqui, muito obrigada pela paciência rs Bjs e até a próxima!

4 comentários:

Unknown disse...

Eu gosto muito da maneira como vc escreve!Sabe meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha 9 anos, eu tenho 22, hoje eu sei que ele está bem, mas vivi muito tempo sem saber, e confesso que por mais que eu nunca escolheria abandonar um filho, eu entendo os motivos que o levaram a fazer, eu perdei, mas tbm não esqueci e até hoje não nos falamos, mas eu tenho vontade de resolver essa história mal resolvida!
Beijinhos, beijinhos!
A Garota Veneno!

Unknown disse...

Garota Veneno, eu não sei se entendo, sei que deve ter tido vários motivos pro meu pai nunca ter entrado em contato, mas nada que na minha cabeça se justifique, sabe? Eu só fui saber do paradeiro dele ano passado, depois de 24 anos! rs Mas também, assim como você, quero muito resolver essa história mal resolvida. Boa sorte pra nós duas!!

Unknown disse...

Eu não gosto de guardar rancor de ninguém, para dizer a verdade passa pouco tempo e eu acabo esquecendo! Eu costumo dizer que não tenho vergonha na cara!! rsrs

Mudando de assunto, vc deixou um comentário sobre comprar uma maquininha a laser. Vende isso ai no Japão?

Bjos :)
http://cosmeticoslyra.blogspot.com

Glorinha L de Lion disse...

Oi Thayla! Que pena que chegou no finalzinho! Seu post foi muito bonito pq foi verdadeiro. Pq se expos e se mostrou como sentiu tudo isso que aconteceu na sua vida. Posso te falar uma coisa? Vc demonstrou enorme maturidade ao parar para refletir sobre o que sentia. Quando a gente chega à maturidade (no meu caso) vê que a vida é muito bela e muito curta pra guardar ressentimentos que não levam a nada. Vc não vive muito melhor depois que perdoou? E, pensando bem, era cabível aquele ódio todo por tudo e por todos? Por sua mãe procurar ser feliz, por reconstruir a vida ao lado de um homem que a amava?
Pense bem Thayla, valeu a pena sofrer tanto por um motivo que não era tão importante assim?
Eu procuro pesar muito as coisas hj em dia. Eu sou muito intempestiva e sem papas na língua sabe? Depois que caio em mim e a raiva passa, vejo que podia ter pegado mais leve, não ter dito tantas coisas...mas aí, já falei e não há como voltar atrás, só pedindo desculpas e, tenha certeza, quando peço, é sempre de forma sincera. Espero que seu depoimento tão emocionante e emocionado seja exemplo para muitas outras jovens, que tem a vida pela frente. Perdoar é perdoar principalmente a nós mesmos e permitir a nós e a quem nos rodeia, seguirem leves pela vida e, principalmente, amar. A nós e aos outros. A vida é muito mais do que nosso umbigo. E não vale a pena sofrer por bobagens. Grande beijo. Seja feliz!